Monday, August 30, 2004

 

Suicídio

Sou suicida. Quando quero me matar, sou um King Kong escalando meu imenso ego. Lá do alto, olho e vejo cada pessoa como se estivéssemos frente a frente.
Elas me encorajam, gritam "pula! pula! pula!". Alguém lá no meio chora, não reconheço. Ela veste luto, um véu cobre seu rosto, mas ouço os soluços tão bem quanto o incentivo. Não me importo muito, essa deve chorar até em comédia romântica da Meg Ryan. Não tenho pressa, não é a primeira vez. Sou veterano no suicídio.
Me sento lá no alto, sinto o sol queimar minha pele, a brisa curar meu rosto. Me levanto, olho novamente para baixo e dessa vez as pessoas estão pequenininhas, nem parecem mais pessoas. Parece ser uma coisa só, como se tivesse se amalgamado. Os gritos continuam "pula! pula! pula!".
Obedeço. Salto. Cabeça para baixo, dessa vez pode ser definitivo. No caminho minha vida passa em minha cabeça como um filme. Um filme ruim, onde o protagonista perde a mocinha e morre no final. Mas como num terror, sempre tem continuação com o mesmo personagem principal.
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Melhor de 20

1x1
Final digna de uma melhor de 20, cerveja na padoca depois
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